O Ministério Público do Maranhão (MPMA) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizaram duas ações contra o município de Imperatriz, nos dias 18 e 24 de setembro, devido às contratações irregulares de servidores da prefeitura. Uma é de Obrigação de Fazer e Não Fazer e a outra é Ação de Execução por Quantia Certa.
Mesmo
após o município ter firmado dois Termos de Ajustamento de Conduta
(TAC) com o Ministério Público do Trabalho, em que se comprometeu a só
admitir servidores via concurso público,
investigações do MPMA e do MPT demostram que ainda há inúmeros casos de
admissões ilegais. Diante dos fatos, o MPT e o MPMA pedem que a Justiça
obrigue o gestor a pagar R$ 2,73 milhões por conta do descumprimento do
TAC e das infrações às leis.
Desde
2002, o Ministério Público do Trabalho e o MP Estadual têm realizado
inspeções e investigações para apurar a situação irregular dos
trabalhadores. Diante dos fatos apurados em Imperatriz, em 2006, o MPT
firmou um TAC com o Município para o gestor só contratar, nomear ou
admitir servidores mediante concurso público, ressalvadas as
contratações temporárias para atender necessidade de excepcional
interesse público.
No
entanto, de acordo com o relatório do MPT e do MPMA, diante dos
reiterados descumprimentos pelo Município, formalizou-se um aditivo em
2010, objetivando sanar as irregularidades.
A
procuradora do Trabalho Adriana Maria Silva Candeira ressalta que,
apesar das iniciativas do MPT e o MPMA para que os comandos legais
fossem obedecidos, o Município está ignorando o TAC e as leis de forma
deliberada. “As inúmeras nomeações ilegais, apontadas nas denúncias e
nas investigações feitas, demonstram que o Município de Imperatriz vem
utilizando, em claro desvio de finalidade, o poder de nomear livremente
pessoas sem qualquer critério para exercerem as mais diversas funções
integrantes de cargo de provimento efetivo, em clara burla à norma
constitucional do concurso público.”
IRREGULARIDADES
O MPMA teve acesso às folhas de pagamento do município, referentes aos meses de março de 2013 e março de 2014, que comprovam contratações e nomeações feitas pela Prefeitura de Imperatriz de pessoas sem concurso público. O MPT apurou que há indícios de que foram contratados irregularmente 939 servidores após a assinatura do TAC.
O MPMA teve acesso às folhas de pagamento do município, referentes aos meses de março de 2013 e março de 2014, que comprovam contratações e nomeações feitas pela Prefeitura de Imperatriz de pessoas sem concurso público. O MPT apurou que há indícios de que foram contratados irregularmente 939 servidores após a assinatura do TAC.
Outra
constatação feita pelo MPMA é o fato de os ocupantes de um mesmo cargo
receberem remunerações distintas. Os chefes de núcleo administrativo,
por exemplo, têm vencimentos que variam de R$ 850,00 a R$ 2.640,00.
Segundo a promotora Nahyma Ribeiro Abas, titular da 1ª Promotoria
Especializada de Imperatriz, a questão demonstra a diversidade das
funções verdadeiramente ocupadas.
Em
denúncia anônima feita à Ouvidoria do MPMA, relativa ao funcionamento
do Sistema Nacional de Emprego (Sine), constatou-se que todos os
servidores lotados neste serviço ocupam cargo em comissão de “assessor
de gabinete III” e “chefe de núcleo administrativo”, embora todos
estejam desempenhando atividades meramente administrativas no órgão,
recebendo remuneração menor que o salário mínimo vigente. Foi averiguado
que até mesmo a pessoa que exerce a função de zeladora está nomeada
para o cargo de assessor de gabinete III.
Em
agosto, em inspeção realizada na Secretaria Municipal de Governo
(Segov), devido ao grande contingente de nomeações para cargos em
comissão, o MPMA verificou que pouco mais de 10 servidores, dentre os
110 lotados no órgão, prestam serviços diretamente à pasta, estando os
demais comissionados à disposição de outros órgãos, sem qualquer
controle da efetiva atividade funcional.
“Tal
situação revela prática corriqueira na administração pública de
transformar os órgãos em verdadeiros cabides de emprego. Tudo isso para
explorar a miséria alheia, em troca de votos. Afinal, o servidor sem
estabilidade se sentirá obrigado a votar no gestor que o nomeou, na
esperança de garantir a sua subsistência e de seus pares” afirma a
promotora de justiça, Nahyma Ribeiro Abas.
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